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DADOS BIOGRÁFICOS DO PRIMEIRO PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE ANGOLA DR. ANTÓNIO AGOSTINHO NETO António Agostinho Neto nasceu a 17 de setembro de 1922 na aldeia Kaxicane, região de Icolo Bengo, aproximadamente a sessenta quilômetros de Luanda. Seu pai foi pastor e professor da Igreja Protestante; e sua mãe, tal como o seu pai, também foi professora. Após ter concluído um curso do Liceu em Luanda, Neto começa a trabalhar nos Serviços de Saúde, tornando-se rapidamente uma figura proeminente do movimento cultural nacionalista que, durante os anos quarenta, alcançou uma fase de vigorosa expansão.

Em 1947 viajou para Portugal e matriculou-se na Faculdade de Medicina em Coimbra, graduando-se em 1956, não obstante as vicissitudes: prisão em duas ocasiões, mudanças de cidade, escondendo-se da Polícia Política Portuguesa (PIDE), etc.

A 10 de dezembro de 1956 é fundado o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), do qual toma conhecimento, por ser uma força política que congregaria os intelectuais e operários revolucionários para a luta contra o governo colonial fascista.

Em 1958 funda em Lisboa o Movimento Anticolonialista (MAC), conjuntamente com alguns estudantes oriundos de diversas colônias portuguesas. A 30 de dezembro de 1959, Neto regressa a Angola com sua esposa e um filho pequeno. Ali ocupa a chefia do MPLA e continua exercendo a medicina.

A 8 de junho de 1960, encontrando-se em plena atividade em seu consultório em Luanda, o diretor da PIDE prende Neto. A população de sua aldeia natal, ao tomar conhecimento do fato, organiza uma manifestação pacífica de protesto. A polícia respondeu reprimindo-os, deixando um saldo de 30 mortos e 200 feridos. Esta ação vil é lembrada como o "Massacre de Icolo Ibengo".

Devido a este acontecimento, o governo fascista decidiu transferir Neto para cumprir prisão em Lisboa e mais tarde é transferido para a Ilha de Santo António e Santiago em Cabo Verde. Ali continuou exercendo sua profissão e foi eleito, durante esse período, Presidente Honorário do MPLA.

Nas primeiras horas de 4 de fevereiro de 1961, um grupo de nacionalistas angolanos empreendeu uma ação combativa para libertar das prisões de Luanda os seus camaradas patriotas, sendo este o primeiro grito de liberdade desta nova era. Esta faísca de rebeldia se estenderia por todo o território angolano, seguindo-se-lhe uma repressão tão cruel, que resultou na morte de cerca de 30.000 angolanos até à proclamação da nossa independência.

A 17 de outubro de 1961, Neto foi trasladado para a prisão de Aljube em Lisboa. A partir deste momento, um grupo de amigos de Neto lançou uma campanha em prol da sua libertação e a de todos os prisioneiros políticos angolanos. Graças à forte pressão desta campanha, as autoridades fascistas viram-se obrigadas a libertar Neto em 1962, fixando-lhe residência em Portugal.

Entretanto, o MPLA pôs em prática um eficaz plano de evasão, fazendo com que Neto e sua família abandonassem clandestinamente Portugal, chegando assim a Leopoiville em junho de 1962.

Em dezembro do próprio ano de 1962, Agostinho Neto é eleito presidente do MPLA durante a Conferência Nacional do Movimento.

Desde 1963, Neto lança-se numa intensa atividade, visitando numerosos países, contactando importantes dirigentes revolucionários e outros, sendo reconhecido como o guia indiscutível de um povo heroico e generoso, que travava uma guerra justa pela independência nacional, pela democracia e pelo progresso social.

Com a derrubada do regime fascista de Salazar em Portugal, o MPLA considerou que estavam criadas as condições mínimas indispensáveis para assinar um acordo de cessar-fogo com o governo português, o qual se materializou em outubro desse ano.

A 4 de fevereiro de 1975, o presidente Neto regressa triunfante a Luanda, dando-se a maior manifestação popular que se recorda em Angola. A partir desse momento assume e dirige todas as ações contra as múltiplas tentativas orquestradas para impedir a independência de Angola, proclamando a "Resistência Popular Generalizada".

A 11 de novembro de 1975, depois de 14 anos de luta armada contra o colonialismo fascista e o imperialismo, o povo angolano proclamou, na voz do presidente António Agostinho Neto, a Independência Nacional. É nomeado Primeiro Presidente da República Popular de Angola e define em seu discurso como objetivo estratégico "a construção de uma nova sociedade sem exploradores nem explorados".

Em dezembro de 1977, sob a direção do presidente Agostinho Neto, é fundado o MPLA Partido do Trabalho.

A figura de Neto, como militante total, de coragem revolucionária e eminente estadista, não se limita às fronteiras de Angola. Ela se projeta no contexto africano e mundial, onde sua prática e seu exemplo servem de impulso à luta dos povos que, no mundo, estão ainda submetidos à humilhação, ao obscurantismo e à exploração.

Agostinho Neto foi também um homem de cultura. Para ele, as manifestações culturais eram antes de tudo a expressão viva das aspirações dos oprimidos, armas para a denúncia de situações injustas e instrumento para a reconstrução de uma nova vida.

Agostinho Neto foi o primeiro presidente da jovem instituição "União dos Escritores Angolanos".

Sua obra literária mais conhecida e difundida é "SAGRADA ESPERANÇA", coleção de poemas que encarnam a esperança de todo o povo. tónio Agostinho Neto faleceu a 10 de setembro de 1979.